sábado, 31 de dezembro de 2011

Receita de Ano Novo

 
 
Receita de Ano Novo - Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo 
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, 
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido 
(mal vivido talvez ou sem sentido) 
para você ganhar um ano 
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, 
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; 
novo 
até no coração das coisas menos percebidas 
(a começar pelo seu interior) 
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, 
mas com ele se come, se passeia, 
se ama, se compreende, se trabalha, 
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, 
não precisa expedir nem receber mensagens 
(planta recebe mensagens? 
passa telegramas?) 

Não precisa 
fazer lista de boas intenções 
para arquivá-las na gaveta. 
Não precisa chorar arrependido 
pelas besteiras consumadas 
nem parvamente acreditar 
que por decreto de esperança 
a partir de janeiro as coisas mudem 
e seja tudo claridade, recompensa, 
justiça entre os homens e as nações, 
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, 
direitos respeitados, começando 
pelo direito augusto de viver. 

Para ganhar um Ano Novo 
que mereça este nome, 
você, meu caro, tem de merecê-lo, 
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, 
mas tente, experimente, consciente. 
É dentro de você que o Ano Novo 
cochila e espera desde sempre.

domingo, 18 de dezembro de 2011


Melhor que o adversário que o PT derrotou em 2002. Melhor mesmo que seu criador. Ao final de seu primeiro ano de governo, a presidenta Dilma Rousseff alcança índices de aprovação mais altos que os de Fernando Henrique Cardoso e os de Lula no mesmo período. É o que revela pesquisa do Instituto Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Os números mostram que a popularidade de Dilma passa incólume pelas crises políticas e as denúncias de corrupção que levaram à queda de seis ministros – mais de um a cada dois meses – por denúncias de corrupção. É possível que justamente a reação forte de Dilma a essas denúncias, ao afastar os ministros, seja parte da explicação para seus índices positivos.
De acordo com a pesquisa, Dilma tem 56% de ótimo e bom na avaliação de seu governo ao final de seu primeiro ano. Em 1995, primeiro ano de seu primeiro mandato, Fernando Henrique Cardoso registrou apenas 43% de ótimo e bom. Em 1999, início de seu segundo mandato, a situação do ex-presidente tucano era bem pior: apenas 17% dos entrevistados disseram achar ótimo ou bom seu governo.
Naquele momento, o país enfrentava uma grave crise financeira, que levou a uma desvalorização do real, e estava em meio à crise energética que levaria ao apagão, em julho de 2001. Não por acaso, ao final desse segundo governo, o candidato de Fernando Henrique, José Serra, acabou sendo derrotado por seu adversário, Lula. Que terminou seu primeiro ano de mandato, em 2003, com 41% de aprovação. Em 2007, segundo ano de seu primeiro mandato, Lula teve 51% de ótimo e bom. Lula chegou a ter índices de aprovação mais altos ao longo de seu governo, mas não nos dois primeiros anos dos seus dois mandatos.
A margem de erro da pesquisa é dois pontos percentuais. Foram entrevistadas 2.002 pessoas em 142 municípios brasileiros entre os dias 2 e 5 de dezembro.
Fonte: Congresso em Foco

Mensagem para reflexão

Você é...

Você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava, você é os nervos a flor da pele no vestibular, os segredos que guardou, você é sua praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema, você é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai, você é o que você lembra.
Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas, você é o que você chora.
Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, você é o pelo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, você é as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta, você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo, você é o que você desnuda.
Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, você é o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, você é o que você queima.
Você é aquilo que reivindica o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta, você é os direitos que tem, os deveres que se obriga, você é a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca, você é o que você pleiteia.
Você não é só o que come e o que veste. Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê. Você é o que ninguém vê.
(Martha Medeiros)