quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A força do conhecimento e da criatividade

     Do ponto de vista biológico e cognitivo, não somos muito diferentes dos homens, mulheres e crianças que viveram 10 mil ou 12 mil anos atrás. Se mudanças significativas não ocorreram no organismo humano ao longo desse período, como explicar o fato de que a humanidade deixou de viver em cavernas e passou a dominar tecnologias que nos permitem até mesmo conquistar o espaço sideral?
     Segundo o historiador Eric Hobsbawm, que formulou a pergunta, todas essas mudanças verificadas ao longo de milhares de anos foram resultado da persistente e crescente capacidade da espécie humana de controlar as forças da natureza. Esse domínio ocorreu, e continua ocorrendo por meio do trabalho manual e intelectual, da tecnologia e da organização da produção. Isso nos permite concluir que a base do desenvolvimento humano repousa no conhecimento e no uso da criatividade.
     Mas será que conhecimento é algo que adquirimos somente nos bancos escolares? E como ficam aqueles que nunca tiveram a oportunidade de estudar?
     Todas as pessoas, quer tenham estudado ou não, detêm conhecimento. Os povos indígenas, por exemplo, durante milênios, curaram seus doentes utilizando somente ervas e plantas medicinais sem nunca terem feito faculdade de Medicina. Saber qual a planta correta a ser utilizada só foi possível graças a uma profunda capacidade de observar e interagir com a natureza
Vênus de Willendorf, escultura de calcário colorido com ocre vermelho, encontrada na região de Willendorf, na Áustria, em 1908. Com 11cm de altura e esculpida por volta de 24000 a.C., seus seios, ventre e nádegas volumosos seriam uma alusão ao conceito de fertilidade. 
   


     Algo seelhante acontece com um cientísta que inventa uma vacina. Em seu trabalho, ele precisa conhecer os experimentos já realizados, identificar diferentes tipos de drogas medicinais e fazer muitos testes antes de anunciar sua descoberta.
     Adquirir conhecimento não significa apenas acumular informações a respeito de determinado assunto. Significa, antes de mais nada, organizar as informações disponíveis para compreender a realidade e partir em busca de novas conquistas. O domínio do fogo e a invenção da roda são alguns exemplos de como a humanidade utilizou seus conhecimentos para adequar as novas realidades em que viviam às suas necessidades. Esse foi, e continua sendo, o grande potencial criativo responsável por garantir a sobrevivência da espécie humana  sobre o planeta Terra.
Mulher com flor, tela de Pablo Picasso (1881-1973). Pintada em 1932, essa obra do modernista espanhol não pretende representar uma mulher de forma realista. Comparando com a imagem anterior concluimos. Ambos os artistas utilizaram a forma de sua criatividade e de seu conhecimento para criar formas capazes de emocionar e estimular a imaginação.