Origem e desenvolvimento da história
A História é a disciplina que
estuda a vida humana em sociedade ao longo do tempo. O objetivo do historiador é
compreender ações, desejos, pensamentos, sentimentos e criações culturais em
diversas sociedades e em diferentes épocas.
A palavra “história” tem origem
no termo istorie. Em um dialeto do grego antigo, chamado jônio, esse termo
significava “investigação” e estava relacionado a outras duas palavras: o substantivo
istor (“testemunha”) e o verbo istorein (“informar-se”). Esse foi o sentido usado
pelo viajante grego Heródoto (século V a. C.), que escreveu uma história sobre
as guerras dos gregos contra os persas com base em testemunhas dos acontecimentos.
Para Heródoto, o objetivo da história era produzir um discurso ou relato
verdadeiro dos fatos, separando-os dos mitos, das fábulas e das lendas.
Até o advento do mundo moderno,
surgiram muitas outras maneiras de entender a história. No século XVI, contudo,
foram formulados métodos para orientar a análise das fontes históricas,
distinguindo os documentos falsos dos verdadeiros. Por meio do contato direto
com as fontes e do desenvolvimento do método crítico, os historiadores procuravam
compreender toda a diversidade de instituições, criações culturais, hábitos de
pensamento, usos e costumes entre os povos.
NOVOS RUMOS DA HISTÓRIA
Mesmo depois da formulação de
métodos para estuda-la, a história ainda era considerada um gênero literário,
ou seja, importava mais a elegância da escrita do que a objetividade do
conhecimento. Isso mudou no século XIX, quando a história passou a ser
considerada uma ciência e tornou-se uma disciplina acadêmica, ensinada em
escolas e universidades. Desde então, os estudiosos de história passaram a se
preocupar em preservar o patrimônio documental e material sobre o passado,
principalmente o das nações. Para conservar e divulgar a memória nacional foram
fundadas instituições como museus, escolas, arquivos, institutos históricos e
associações arqueológicas.
No século XX, o conhecimento
histórico avançou muito. Os historiadores não se restringiam mais à narração
dos acontecimentos que pontuavam a memória da nação (guerras, batalhas,
revoluções etc.), como faziam no século XIX. Outras áreas de pesquisa e outros
métodos e abordagens foram desenvolvidos, modificando as relações entre
presente, passado e futuro e transformando o modo como o conhecimento histórico
era produzido. Como parte desse movimento de mudança, novos campos de estudo se
desenvolveram, como, por exemplo, a história da infância, das atitudes diante
da morte, da loucura, da relação entre ser humano e o clima, das mulheres, da
leitura, entre muitos outros. Além disso, alguns vestígios que não eram
considerados fontes históricas passaram a ser tratados como tal.
AS FONTES HISTÓRICAS
Todos os vestígios deixados pelas gerações
passadas são fontes que podem ser analisadas pelos historiadores para produzir
conhecimento histórico. Esses vestígios podem ser registros escritos,
monumentos, fotografias, pinturas, instrumentos de trabalho, joias e
vestimentas, entre muitos outros objetos feitos pelo ser humano, que servem de
base para a construção de conhecimento histórico. No século XIX, quando a
história tornou-se uma disciplina acadêmica e o ofício do historiador uma
profissão reconhecida, apenas os documentos escritos eram considerados fontes
históricas, especialmente os registros oficiais produzidos pelos Estados, como
tratados diplomáticos, narrativas de batalhas, documentos administrativos.
No século XX, a concepção de
fonte histórica se ampliou consideravelmente. Vestígios arqueológicos, músicas,
mitos, lendas, objetos de cultura material, relatos orais, obras literárias,
imagens, peças de teatro e filmes, entre outros, passaram a ser considerados
fontes para o conhecimento do passado. Todas as produções humanas tornaram-se
relevantes para a investigação histórica. Essa transformação foi um dos fatores
que possibilitaram a ampliação do território do historiador e a abertura de
novos campos de pesquisa.