Ensinar como eram as relações sociais em diversas épocas ajuda a entender em quais aspectos a concepção de trabalho mudou
O trabalho contemporâneo é marcado por direitos garantidos aos empregados, como segurança, carga horária e registro em carteira |
Acordar cedo, tomar café da manhã e sair apressado para trabalhar. Provavelmente, essa cena faz parte do cotidiano de familiares de grande parte dos estudantes.
Será que a garotada imagina que a dinâmica do trabalho nem sempre funcionou da forma como conhecemos e vivenciamos nos dias de hoje? Essa é uma reflexão importante para ser proposta nas aulas de História. Para fazer isso, é possível aproveitar conteúdos considerados clássicos da disciplina que fazem parte do currículo de 6º e 7º anos: Roma e Grécia antiga e Idade Medieval.
"Estudar com a turma as sociedades desses períodos sob a perspectiva do trabalho é interessante porque ajuda os alunos a conhecer esse aspecto e a relação dele com as transformações que ocorreram - e ainda ocorrem - na sociedade ao longo da História", diz Juliano Custódio Sobrinho, selecionador do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10.
Para uma base sólida e uma exploração crítica, o professor precisa auxiliar os jovens a comparar o ontem e o hoje. Dessa maneira, eles vão poder relacionar os conteúdos estudados e a realidade em que vivem e fazer conjecturas.
Inicialmente, para apresentar o tema que será foco das aulas, é fundamental falar, ainda que brevemente, sobre as origens do Dia Internacional do Trabalho, (1º de maio) e seu significado social e histórico (veja o quadro abaixo). Em seguida, proponha aos estudantes, como objetivo final do estudo, a elaboração de um quadro comparativo entre as relações trabalhistas nos dias atuais, na Antiguidade e na Idade Média.
Esclareça que, para conhecer o contexto atual, eles devem ir a campo e entrevistar pessoas conhecidas (como familiares, amigos e funcionários da escola). A organização da lista de perguntas deve ser coletiva e você, professor, tem de supervisionar a seleção e fazer os ajustes necessários. Não podem faltar questões como "você trabalha quantas vezes por semana?", "tem mais de um emprego? Por quê?", "recebe algum tipo de bonificação?", "tem direito a férias remuneradas?" e "é registrado em carteira ou autônomo?". Outras perguntas, sobre valor salarial, por exemplo, não são interessantes para esse tipo de exploração.
Feitas as entrevistas, é hora de socializar as respostas e o grupo, ainda reunido, deve identificar características que marcam o mundo trabalhista atual. É possível, dentre outros cenários, que as pessoas entrevistadas ganhem salário, trabalhem em mais de um emprego e realizem uma jornada definida, com direito a receber benefícios e bonificações (essas últimas, de acordo com o cumprimento de metas estabelecidas previamente e comunicadas pelo empregador).
Antes de mergulhar com a turma nas sociedades do passado, pergunte por que as pessoas, hoje em dia, trabalham durante quase toda a vida. É provável que as respostas tenham a ver com a necessidade de ganhar dinheiro para arcar com as necessidades da família (comprar comida, roupas e remédios e viver em boas condições). Esse é um momento importante para contar que a subsistência sempre foi um dos principais motivos pelo qual os homens trabalham. Mas a relação entre empregadores e trabalhadores já sofreu grandes mudanças, bem como a forma da atividade: antes, escrava ou devida a alguma obrigação para com o patrão, e agora, livre. "Fazer um resgate histórico sobre essa atividade em vários aspectos (social e econômico, por exemplo) ajuda a entender por que as relações trabalhistas ganharam a configuração atual e se tornaram cada vez mais dinâmicas", afirma Sobrinho.
O Dia do Trabalho
Em 1º de maio de 1886, norte-americanos saíram às ruas de Chicago por melhores condições de trabalho. Eles reivindicavam a redução da jornada de 13 para oito horas, salários mais altos, descanso semanal remunerado e férias anuais. No mesmo dia, aconteceu uma greve geral no país. Os conflitos entre os manifestantes e a polícia se intensificaram: oito operários morreram e vários foram presos. Alguns, acusados de liderar as manifestações, foram julgados e sentenciados à morte. Três anos depois, a data foi oficializada internacionalmente como o dia que representa as conquistas dos direitos dos trabalhadores. No Brasil, é comemorada desde 1925.
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